Fora do comum


É madrugada o silêncio é absoluto.
Não queria admitir, mas sinto-me sufocar. Há algo em mim que quer liberdade, sinto-me incapaz por não saber o quê. Quando foi que isso começou? Quando foi que eu comecei a ser menos minha e mais tua? Meus segredos estão tão emaranhados aos teus quanto as nossas pernas sob o lençol. Meus olhos precisam mais dos teus do que os meus pulmões precisam de ar, isso é assustador.Faz-me estremecer, querido.Deitado ao meu lado parece tão domável, tão inofensivo. Engana-se quem pensa ao contrário, afinal, mostraste-me o teu lado inofensivo e cheio de falhas, confiaste-me esse lado tão frágil, mostrando-me muito mais de ti do que jamais imaginei. Olho para a frente e sorrio. A estante de livros antiquada de frente para cama... Eu nunca te disse que queria um quarto à moda antiga. Lembro-me do teu sorriso doce ante minha aceitação. Quem resistiria, no entanto? As portas escancaradas e espelhadas, espelhos que todavia foram desejos meus, a revelar o caos interno.Minha camisa com teu cheiro, teus sapatos se confundem aos meus ténis (estes erróneos ténis que ainda revelam a menina dentro de mim). Nossa vida anda tão unida quanto nossas roupas, sinto-me feliz, já lhe disse. Mesmo que as lágrimas se rompam dos meus olhos algumas vezes e que gritos saiam de meus lábios, sinto-me feliz. Prometi-te, não foi? São fases, são novas cores com que pinto a minha parede, são novas ilustrações do teu rosto e desses teus olhos, novos ângulos, novas facetas que estudei com tanto esmero. Sinta-se orgulhoso, meu rapaz, fez florescer em mim algo que nenhum outro conseguiu. Não há maneira de fugir. Sufoco esdrúxulo esse que sinto, não é? Sufoco de medo que nunca cessa, de saudades que nunca acaba e principalmente, meu amor (preste atenção), de feridas que tu não me causastes e que nunca sararam, mesmo sendo tu o anjo que és, entende que existem certas cicatrizes que nunca desaparecem e talvez eu seja mesmo alguém desse tipo. Espero todos os dias, todos os segundos, todos os beijos e olhares. Que tu aceites este coração marcado, esta alma falhada e que acima de tudo, meu querido, que tu me ames por inteira, ama os meus defeitos e falhas assim como eu (absolutamente) amo os teus. Não tentes consertar-me em todos os momentos, vou me curando aos poucos, juro. Basta que tu, nesta tua singularidade gritante aceites essa missão.Porque em minha pluralidade sólida aceito cuidar de ti enquanto houver tempo no meu corpo e eternidade na minha alma. Enquanto houver voz em mim, juro sussurrar-te "sim" junto do ouvido; seja dia ou noite, quarta ou domingo, eu digo-lhe "sim" de coração aberto e murros caídos. Afinal, tu tens-me desde que tenho um coração. Sorria dormindo, isso mesmo meu rapaz, tenha bons sonhos.


"adaptação extraída de textos na Internet"

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